O Brasil é o único país que participou de todas as Copas do Mundo, conquistando dois terceiros lugares, sendo vice-campeão duas vezes e escrevendo seu nome cinco vezes na história como campeão. Já se passaram mais de 20 anos desde a última vitória do Brasil, mas vamos relembrar a história do pentacampeonato da seleção nacional, pois cada vitória possui sua história cativante.
Maracanazo: O Choque de 1950
Para começar a falar sobre a história dos grandes sucessos da seleção brasileira, é imprescindível mencionar a grande decepção de 1950, que acabou se tornando um ponto de virada para o time. Embora o país não tenha conquistado a Copa do Mundo naquele ano, esse episódio se tornou o Big Bang da seleção nacional, impulsionando-os para o sucesso inédito de se tornarem pentacampeões.
Brasil — anfitrião e estreia do Maracanã
O campeonato de 1950 simbolizou o retorno à vida normal após a devastação da Segunda Guerra Mundial. Após 12 anos de ausência, o torneio das seleções mais fortes do mundo substituiu os discursos nos campos de batalha. Enquanto a Europa ainda se recuperava dos estragos da guerra, o Brasil, com seu futebol bem desenvolvido e popular, e uma das melhores infraestruturas da época, conseguiu sediar o evento. O país já era considerado um dos principais candidatos, junto com a Alemanha, para sediar a Copa do Mundo de 1942, que acabou sendo cancelada.
Seis cidades brasileiras, de Recife a Porto Alegre, foram escolhidas como sedes dos jogos da Copa do Mundo. Entre os estádios construídos para o evento, destaca-se o lendário Maracanã, o maior estádio do mundo na época, inaugurado uma semana antes do início do campeonato mundial.
Oponentes do Brasil em 1950
A Copa do Mundo de 1950 foi realizada apenas pela quarta vez. O Uruguai foi o primeiro campeão, enquanto a seleção italiana conquistou dois títulos consecutivos. No entanto, a versão pós-guerra da seleção italiana não era nem de longe tão forte.
Além dessas seleções, mais 14 times se classificaram para participar do torneio, porém Escócia, Turquia e Índia desistiram de participar. Turquia e Índia foram desencorajados pelos altos custos de viagem até o Brasil, enquanto a Escócia optou por não disputar o torneio na qual a Inglaterra também estaria presente. França e Portugal foram convidados para substituir essas vagas, mas recusaram. A Alemanha ainda não tinha permissão para competir.
Portanto, embora estivessem inicialmente previstos 16 times, apenas 13 participaram do torneio.
A Jornada Triunfante do Brasil
A Copa do Mundo de 1950 teve um regulamento diferente dos campeonatos mundiais de hoje. As quatro equipes que se classificaram em primeiro lugar em seus grupos formaram um novo grupo e disputaram partidas entre si.
Na primeira fase, o Brasil venceu sem problemas México e Iugoslávia, mas empatou com a Suíça em 2 a 2. A partida foi realizada no estádio paulista do Pacaembu, e o técnico Flávio Costa decidiu dar a oportunidade aos jogadores dos clubes paulistas de jogarem diante de seu público.
Na fase final, o Brasil arrasou a Suécia por 7 a 1 e a Espanha por 6 a 1, criando uma grande expectativa de vitória. No jogo final, precisava de um empate contra o Uruguai para conquistar o título.
O dia que abalou o futebol brasileiro
A Copa do Mundo FIFA de 1950 não teve uma final oficialmente designada. No entanto, em 16 de julho, no lendário estádio do Maracanã, Brasil e Uruguai se enfrentaram em um confronto que definiria o time mais forte do mundo, resultando em um dos momentos mais memoráveis da história das Copas.
Os brasileiros estavam confiantes na vitória. Muitos já davam o resultado como certo e apenas esperavam celebrar o triunfo. A certeza da conquista era tão grande que o jornal vespertino “A Noite”, do Rio de Janeiro, estampou em suas manchetes, acima da foto da seleção brasileira: “Estes são os campeões do mundo”.
A inauguração da primeira emissora de TV brasileira, a Tupi de São Paulo, ocorreu em 18 de setembro de 1950, aproximadamente dois meses após o final da Copa do Mundo. Naquela época, o público tinha duas opções para acompanhar as partidas ao vivo: comparecer ao estádio ou sintonizar o rádio. No lendário estádio do Maracanã, impressionantes 199.854 espectadores estiveram presentes, representando quase 10% da população carioca da época. O restante do país acompanhou o jogo por meio das emocionantes transmissões de rádio.
O Brasil abriu o placar aos 47 minutos com um gol de Friaça, aumentando ainda mais a convicção de que o título seria conquistado. No entanto, em apenas 19 minutos, Schiaffino marcou um gol pelo Uruguai, empatando a partida. A seleção brasileira precisava apenas segurar o empate até o fim, mas não conseguiu. Aos 79 minutos, Ghiggia virou o placar para os uruguaios, garantindo o segundo título para o Uruguai e causando um trauma histórico para o futebol brasileiro.
O herói de 1950 que silenciou o Maracanã
Enquanto o pernambucano Ademir Marques de Menezes, também conhecido como “Queixada”, se destacava como o maior artilheiro da Copa do Mundo de 1950, com nove gols marcados, outro jogador roubaria os holofotes como o verdadeiro craque do torneio.
O uruguaio Alcides Ghiggia, apelidado de “carrasco”, se tornou a figura mais notável daquela competição. Anos após o famoso Maracanazo, Ghiggia eternizou-se com uma frase célebre: “Só três pessoas silenciaram o Maracanã: o papa, Frank Sinatra e eu”.
1958: A chegada do rei
Apesar da derrota dolorosa na final da Copa do Mundo de 1950, esse episódio teve consequências positivas para o futebol do Brasil. Foi a partir desse momento que nasceu a identidade de “Brasil, o país do futebol”. A derrota surpreendente para o Uruguai em casa levou o Brasil a repensar sua abordagem e identidade futebolística culminando na mudança do uniforme da seleção nacional. A antiga camisa branca deu lugar à icônica combinação de amarelo com detalhes em verde, calções azuis e meias brancas.
Após o fracasso de 1954, quando o Brasil foi eliminado nas quartas de final pela Hungria, a Copa do Mundo de 1958, realizada na Suécia, marcou a primeira conquista da seleção brasileira e foi também o palco do surgimento de uma jovem estrela chamada Pelé. Foi um marco histórico que impulsionou o Brasil em direção ao seu status lendário no mundo do futebol.
Competidores e favoritos de 1958
Doze seleções nacionais europeias e 4 americanas se qualificaram para participar do campeonato. A Alemanha, atual campeã em 1954, chegou ao torneio após sofrer várias derrotas, mas mesmo assim era considerada uma das favoritas, juntamente com França, Argentina e a vice-campeã Hungria, que havia surpreendido a todos no campeonato anterior.
Outro favorito antes do início da Copa do Mundo de 1958 era a União Soviética, que chegou como campeã olímpica de futebol em 1956, em Melbourne.
A seleção brasileira, apesar de ser considerada uma equipe forte, não era vista como favorita.
Fase de Grupos e a Estreia de Pelé
O Brasil iniciou a Copa do Mundo no Grupo 4, junto com Áustria, Inglaterra e União Soviética. Após vencer a Áustria, os brasileiros enfrentaram dificuldades no jogo contra a Inglaterra, resultando em um empate sem gols. Foi o primeiro empate da história das Copas do Mundo. Isso tornou a entrada do Brasil na fase seguinte mais complicada, dependendo do jogo contra a União Soviética.
Após o jogo contra a Inglaterra, o técnico brasileiro Vicente Feola decidiu fazer três substituições cruciais, escalando Zito, Garrincha e Pelé para começarem o jogo contra a União Soviética. Desde o início, o Brasil impôs uma pressão constante e, aos três minutos, Vavá marcou o primeiro gol para o Brasil. A defesa brasileira conseguiu conter os contra-ataques soviéticos e, aos 77 minutos, Vavá marcou seu segundo gol.
Primeira Copa do Mundo, vestindo azul
Nas quartas de final, o jovem Pelé escreveu sua história ao marcar um gol antológico aos 66 minutos do jogo extremamente desafiador contra o País de Gales. Esse foi o primeiro dos 12 gols que o rei do futebol anotou em Copas do Mundo. Depois disso a seleção brasileira demonstrou um futebol brilhante na partida das semifinais contra a França, vencendo por 5 a 2, com dois gols de Vavá, Didi e três de Pelé.
Dois dias antes da final, ocorreu um sorteio para decidir a cor do uniforme, já que as cores dos uniformes das equipes coincidiam. Os donos da casa ficaram com a camisa amarela, enquanto o Brasil, que não possuía outro uniforme oficial, teve uma indefinição sobre a cor a ser usada na partida. Para os jogadores, supersticiosos, isso foi certamente considerado um mau presságio, principalmente considerando a lembrança da derrota em 1950, quando o Brasil entrou em campo com o uniforme branco.
O chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho, propôs o uso de uma camisa azul. Essa nova camisa foi encomendada às pressas em uma confecção local, e os números e distintivos foram costurados pelo massagista Mário Américo e pelo roupeiro Francisco Alves durante a viagem de trem de Gotemburgo, onde a equipe jogou a semifinal contra a França, até Estocolmo.
Os suecos abriram o placar aos 4 minutos com um gol de Liedholm, mas a vantagem deles não durou muito. Em apenas 5 minutos, Vavá empatou o jogo, e no final do primeiro tempo, ele mesmo colocou o Brasil em vantagem. No segundo tempo, a Suécia não conseguiu ameaçar o Brasil. Pelé e Zagallo aumentaram a vantagem brasileira com mais três gols, e apesar do gol de Simonsson aos 80 minutos, Pelé respondeu com mais um gol no final da partida, encerrando o placar em 5 a 2 a favor do Brasil.
Craques da Copa do Mundo de 1958
A Copa do Mundo de 1958 foi repleta de nomes destacados, mas um jogador se tornou o verdadeiro herói do torneio: Edson Arantes do Nascimento, mais conhecido como Pelé. Embora tenha sido apenas sua primeira participação em Copas, Pelé mostrou um talento extraordinário e se destacou como um dos jogadores mais jovens a conquistar o título mundial.
No entanto, Pelé não foi o único destaque. A competição viu o francês Just Fontaine se tornar o artilheiro máximo da história das Copas, com incríveis 13 gols marcados em 1958, recorde que perdura até hoje. Além disso, jogadores como Garrincha, Yashin, Didi, Vavá e o capitão brasileiro Bellini também brilharam, cada um contribuindo para o sucesso de suas respectivas equipes.
Bellini, em especial, entrou para a história ao ser o primeiro capitão a erguer a taça de campeão do mundo, um gesto que se tornou icônico e que é repetido até agora por outros campeões.
Pelé, ao analisar a equipe de 1958, afirmou que era a melhor em termos de qualidade de jogadores.
1962: Brasil se igualou ao Uruguai e à Itália
A sétima edição da Copa do Mundo trouxe grandes expectativas para a seleção brasileira. Como atual campeão e favorito, especialmente por sediar o evento novamente na América do Sul, o Brasil vinha de uma série de vitórias impressionantes, incluindo os disputados jogos contra a Argentina pela Copa Roca.
A Confederação Brasileira de Desportos (CBD) optou por manter a base vencedora que conquistou o título na Suécia em 1958, mantendo o mesmo planejamento eficaz.
Competidores e Favoritos
A Copa do Mundo de 1962 contou com a participação de 16 seleções, sendo 10 europeias e seis americanas. Além da equipe brasileira, outras seleções também apresentavam elencos fortes e representavam um perigo real.
Entre os concorrentes, a União Soviética despontava como uma equipe que, em 1960, havia conquistado a primeira edição da Eurocopa. A Espanha, por sua vez, contava com a base do poderoso elenco do Real Madrid, que havia recentemente conquistado o pentacampeonato da Liga dos Campeões da Europa, o que a tornava uma candidata forte ao título.
Deste lado do Atlântico, as seleções da Argentina e do Uruguai se destacavam. Ambas possuíam tradição no futebol sul-americano e poderiam representar uma ameaça significativa para o Brasil.
Diante desse cenário, a Copa do Mundo de 1962 prometia ser altamente competitiva, com várias seleções de alto nível disputando o título. O Brasil teria que se destacar e superar esses concorrentes de peso para alcançar a tão almejada conquista.
Brasil se torna bicampeão mundial
Na Copa do Mundo de 1962, o Brasil enfrentou desafios desde a fase de grupos. No primeiro jogo, venceu o México com gols de Zagallo e Pelé. Porém, empatou com a Tchecoslováquia, marcando o último jogo de Pelé na competição devido a uma lesão. Contra a Espanha, precisavam vencer para avançar, e Amarildo marcou dois gols decisivos para a vitória.
Nas quartas de final, o Brasil venceu a Inglaterra por 3 a 1, e na semifinal superou o Chile por 4 a 2 em um jogo emocionante.
Na final, o Brasil enfrentou a Tchecoslováquia, que não conseguiu vencer na fase de grupos. O início da partida não foi muito promissor para os brasileiros, já que a Tchecoslováquia assumiu a liderança com um gol de Josef Masopust aos 14 minutos. No entanto, três minutos depois, Amarildo empatou o jogo com uma bela jogada individual pela lateral esquerda, que resultou em um cruzamento que surpreendeu o goleiro e foi direto para o gol. Aos 69 minutos Zito marcou o segundo gol. Aos 79 minutos, Vavá marcou o terceiro gol, selando a vitória por 3 a 1 para o Brasil.
Com essa conquista, a seleção brasileira se igualou ao Uruguai e à Itália como bicampeã mundial, aproximando-se ainda mais da posse definitiva da Taça Jules Rimet. O zagueiro Mauro ergueu a taça aos céus mais uma vez, imortalizando o gesto de Bellini realizado quatro anos antes. Em seis jogos no campeonato, o Brasil venceu cinco e marcou 14 gols.
Craques e Artilheiros: Destaques da Copa de 1962
Na Copa de 1962, não houve apenas um artilheiro, mas sim seis jogadores que marcaram quatro gols cada: Garrincha e Vavá pelo Brasil, Leonel Sánchez pelo Chile, Flórián Albert pela Hungria, Dražan Jerković pela Iugoslávia e Valentin Ivanov pela União Soviética.
Antes do início do campeonato, todos esperavam que Pelé fosse o grande destaque, porém, isso não aconteceu. Sem a presença do Rei do Futebol, o protagonismo na seleção brasileira foi assumido por Garrincha, com seu jogo belíssimo, às vezes fantástico. Amarildo também teve um papel crucial ao resolver a favor do Brasil o jogo contra a Espanha na fase de grupos. Vavá, por sua vez, não alcançou a mesma popularidade de Pelé ou Garrincha, mas assim como em 1958, ele continuou marcando gols importantes praticamente em cada partida.
1970: A Revanche Tripla
O Brasil passou por um período de relaxamento após a Copa de 1962, iniciando uma renovação geracional na seleção brasileira, o que resultou em uma eliminação precoce na fase de grupos em 1966. No entanto, essa experiência apenas acrescentou grandeza à volta da bicampeã em 1970, no México.
O Brasil conquistou seis vitórias em seis jogos, tornando-se assim o primeiro tricampeão da Copa do Mundo. Ao mesmo tempo, a seleção brasileira enfrentou e venceu três importantes revanches históricas: a Inglaterra, campeã em 1966, o Uruguai, que carregava o trauma do lendário jogo de 1950, e a Itália, que havia impedido o avanço da equipe brasileira nas semifinais do Mundial de 1938.
Competidores, Favoritos e inovações
No México, já tradicionalmente, participaram 16 equipes, incluindo pela primeira vez as seleções de Marrocos, Israel e El Salvador.
Os favoritos eram bastante evidentes — a Inglaterra, que contava com um elenco ainda mais forte do que em 1966, a Itália, que estava em uma forma excepcional e buscava voltar a vencer a Copa após 32 anos desde sua última conquista, e a Alemanha Ocidental determinada a buscar vingança após a derrota na final de 1966. No entanto, mesmo com essas equipes tão fortes, a seleção brasileira, liderada por Pelé, se considerava favorita.
A Copa do Mundo de 1970 entrou para a história não apenas pelas emocionantes partidas, mas também devido à implementação de novas regras. A mais significativa delas foi a introdução da possibilidade de realizar duas substituições por jogo. Anteriormente, era necessário terminar a partida com os mesmos 11 jogadores que a iniciaram.
Outra inovação foi a adoção dos cartões. Isso não alterou as bases das regras, mas facilitou a indicação de advertências tanto para os jogadores de futebol quanto para os espectadores que acompanhavam as partidas.
Jornada do Brasil: superando a Inglaterra e o Uruguai rumo à final
Ainda na fase dos grupos ocorreu um dos principais jogos da Copa — entre os campeões de 1966 e 1962. A Inglaterra mostrou-se uma equipe muito forte. Destacou-se a cabeçada de Pelé e a defesa de Banks, que se tornou um momento histórico do futebol, famoso como a “Defesa do Século”. Foi um jogo muito tenso para ambas as partes, e o gol de Jairzinho decidiu o resultado.
Nas quartas, venceram o Peru sem problemas. Restou o Uruguai, equipe que trouxe más lembranças. O Uruguai abriu o placar, mas o Brasil empatou com Clodoaldo. Jairzinho marcou o segundo gol e Rivellino fechou o placar. Vinte anos após a derrota no Maracanã, o Brasil encerrou essa página dolorosa de sua história.
A posse definitiva da taça Jules Rimet pelo Brasil
Em 21 de junho de 1970, um dia que entraria para a história do futebol brasileiro como uma das maiores conquistas, ninguém poderia ter certeza disso no início do dia.
Com um estádio Azteca lotado por mais de mil torcedores, o primeiro tempo da final viu um empate de 1 a 1, com gols de Pelé e Boninsegna. Na segunda metade do jogo, a Itália, que estava cansada após a partida semifinal contra a Alemanha, não conseguiu mais conter os brasileiros. Aos 20 minutos do segundo tempo, Gérson pegou o rebote após uma jogada de Jairzinho. Na intermediária, ele cortou para a perna esquerda e soltou um chute incrível, um verdadeiro golaço que deixou o estádio Azteca sem fôlego, sendo o primeiro gol de Gérson na Copa do Mundo. Apenas 5 minutos depois, Gérson lançou a bola para a área e encontrou Pelé, que de cabeça ajeitou para Jairzinho finalizar para o gol. O placar foi selado e o gol de Carlos Alberto apenas confirmou a supremacia brasileira.
A vitória consagrou o Brasil como a primeira equipe a conquistar três títulos na história das Copas do Mundo. Além disso, a conquista teve um grande significado ao garantir a posse definitiva da Taça Jules Rimet. Criada por um artista belga, essa taça seria entregue permanentemente ao país que vencesse três vezes a Copa do Mundo. Isso levou a FIFA a criar um novo troféu, desta vez sem uma entrega definitiva a nenhum dos vencedores, sendo chamado de Copa do Mundo da FIFA.
Craques e Artilheiros: Destaques da Copa de 1970
A Copa do Mundo de 1970 foi marcada pela presença de seis jogadores brasileiros no time ideal do torneio: Carlos Alberto, Clodoaldo, Gerson, Jairzinho, Pelé e Rivellino.
Para Pelé, essa foi sua última Copa do Mundo, e ele se tornou o primeiro jogador a conquistar três títulos mundiais. Sua participação no campeonato foi repleta de momentos geniais, demonstrando sua genialidade e habilidade incomparáveis. No entanto, o grande destaque da seleção brasileira foi Jair Ventura Filho, mais conhecido como Jairzinho, o “Furacão da Copa”. Ele foi responsável por marcar gols em todas as partidas, um feito notável que jamais havia sido alcançado em uma Copa do Mundo.
1994: A vitória do pragmatismo
Após a vitória triunfante em 1970, o Brasil levou 24 anos para conquistar outro título na Copa do Mundo. Em 1994, no início da competição nos Estados Unidos, a seleção brasileira ainda era considerada favorita, mas muitos brasileiros não acreditavam em uma possível vitória, especialmente depois que a equipe quase foi eliminada de forma humilhante nas eliminatórias.
A Copa de 1994 foi a última realizada no formato com 24 times, uma vez que no próximo mundial, a Copa de 1998, seria disputada por 32 seleções.
Muitos especulavam sobre a possibilidade de uma seleção europeia conquistar o título pela primeira vez em outro continente. A Alemanha unificada liderava o grupo de possíveis favoritos junto Itália e a Holanda também sendo consideradas fortes concorrentes. Além disso, a Argentina, campeã em 1986, estava entre os favoritos.
No entanto, a Copa do Mundo de 1994 foi marcada por surpresas e reviravoltas, demonstrando a imprevisibilidade do futebol.
Caminhada fácil na fase de grupos e sufoco na fase final
Na fase de grupos, o Brasil conquistou duas vitórias e empatou o jogo contra a Suécia, que serviu apenas para definir a classificação em primeiro e segundo lugar para as duas equipes.
Na fase eliminatória, o Brasil enfrentou desafios. Nas oitavas de final, em 4 de julho, dia da independência dos Estados Unidos, venceu a seleção americana por 1 a 0, mesmo jogando com um jogador a menos. Nas quartas de final, teve uma batalha contra a Holanda, marcada por reviravoltas, terminando em 3 a 2 para o Brasil. O jogo foi chamado de “Batalha de Dallas”.
Na semifinal, o Brasil enfrentou a Suécia em um jogo tenso e defensivo. A vitória brasileira veio com um gol de Romário aos 30 minutos do segundo tempo. Com isso, o Brasil avançou para a final da competição.
Brasil conquista tetracampeonato em final sem gols
No dia 17 de julho de 1994, Brasil e Itália protagonizaram a final da competição. Com uma seleção italiana repleta de grandes nomes, o confronto se mostrou desafiador. Durante o tempo regulamentar e a prorrogação, a seleção brasileira não conseguiu superar a sólida defesa italiana.
A história da final foi definida nos pênaltis. O goleiro brasileiro Taffarel defendeu o chute de Massaro. Em seguida, o capitão Dunga converteu sua cobrança, colocando o Brasil em vantagem. No último e decisivo pênalti, o craque italiano Roberto Baggio chutou a bola por cima do gol, garantindo assim o tetracampeonato para a seleção brasileira.
Romário: uma pitada de arte no pragmatismo de 1994
No mundial de 1994, Romário foi eleito o melhor jogador do torneio, apesar de seus 5 gols não lhe garantirem o título de artilheiro, que ficou com o russo Salenko e o búlgaro Stoichkov, ambos com 6 gols cada.
Para os brasileiros, no entanto, aquela Copa foi definitivamente a Copa do Romário. Ignorado pela seleção nacional até cerca de um ano antes do torneio, o talentoso atacante mostrou sua genialidade em um Mundial inesquecível. O “Baixinho” acrescentou um toque de talento a uma equipe pragmática. Ele foi oportunista, exibiu velocidade, individualismo, deu assistências e marcou cinco gols, incluindo um de cabeça.
Outro personagem destacado na equipe brasileira foi Mário Jorge Lobo Zagallo, o único homem a conquistar a Copa do Mundo em quatro ocasiões diferentes. Em 1958 e 1962, ele triunfou como jogador. Em 1970, foi o técnico campeão. E em 1994, alcançou o sucesso como coordenador técnico.
2002: 100% de vitórias
No ano de 1998, o Brasil ficou muito próximo de conquistar o título na Copa do Mundo, porém acabou perdendo para a França na final. Já em 2002, o Brasil entrou na competição que ocorreu no Japão e Coreia do Sul, mesclando jogadores experientes, que já haviam sido campeões, com jovens talentos em início de carreira, como Kaká, que teve sua primeira oportunidade na Copa do Mundo naquele ano.
A convocação de Romário foi um dos temas mais importantes. O lendário jogador brasileiro contou com o apoio do público e até mesmo do presidente do país, Fernando Henrique Cardoso. No entanto, o técnico Luiz Felipe Scolari optou por não chamá-lo. Mais tarde, Scolari explicou sua decisão, considerando a velocidade de Romário, que na época tinha 36 anos: “Romário é um jogador fantástico nos últimos 20 metros, mas eu precisava montar uma equipe mais dinâmica, com uma marcação mais forte”.
Scolari adotou o esquema tático 3-5-2, sendo essa a segunda vez que a seleção brasileira utilizava essa formação desde a Copa do Mundo de 1990.
Participantes e Expectativas: Os Favoritos, as Incertezas e o desafio brasileiro
Naquela competição, as seleções consideradas favoritas eram Alemanha, Itália e Argentina. A França, campeã do torneio anterior em 1998, não estava em boas condições, o que ficou evidente durante a fase de grupos.
Enquanto isso, o Brasil enfrentava desconfiança. Lutou para se classificar nas Eliminatórias, não apresentava um futebol convincente e dois de seus principais jogadores, Ronaldo e Rivaldo, estavam se recuperando de lesões graves e longe de sua melhor forma.
Dois confrontos com a Turquia e jogo “mais difícil” contra a Bélgica
Na fase de grupos, o Brasil enfrentou dificuldades apenas contra a seleção da Turquia, que se mostrou forte em 2002. Os jogos contra China e Costa Rica não representaram problemas para a seleção brasileira, que marcou 9 gols em apenas duas partidas.
Nas oitavas de final, o Brasil venceu a Bélgica por 2 a 0. Dez anos após, Ronaldo descreveu como “a mais difícil”. Os gols vieram no final. Contra a Inglaterra, o Brasil se recuperou de um gol sofrido por Owen. Rivaldo empatou e Ronaldinho marcou um gol histórico ao cobrar uma falta de longa distância quando todos esperavam um cruzamento, surpreendendo a todos, principalmente o goleiro David Seaman, que viu a bola passar por cima de sua cabeça.
Na semifinal, Ronaldo decidiu com um gol aos 49 minutos do jogo. Mais tarde, ele afirmou que foi “a única oportunidade que teve no segundo tempo”.
Brasil vs Alemanha: O Primeiro Confronto em Copas do Mundo
A final entre Brasil e Alemanha foi histórica, ao ser a primeira vez que as duas equipes mais bem-sucedidas das Copas do Mundo se enfrentaram no torneio. Ambas as seleções acumulam sete finais em suas trajetórias, estabelecendo um recorde.
O Brasil entrou na partida como favorito, segundo as casas de apostas. Embora a Alemanha tenha pressionado em alguns momentos, o goleiro Marcos teve poucas intervenções, todas no segundo tempo. Do outro lado, Kahn, o goleiro alemão, fez algumas defesas importantes, mas cometeu um erro crucial: aos 21 minutos do segundo tempo, após um chute de Rivaldo, ele deu rebote, permitindo que Ronaldo abrisse o placar. Pouco mais de 10 minutos depois, Ronaldo aproveitou um passe de Rivaldo e marcou seu segundo gol na partida.
Na Copa de 2002, o Brasil alcançou um feito incrível, repetindo o mesmo sucesso obtido em 1970. A equipe brasileira venceu todos os sete jogos disputados, garantindo o título com 100% de aproveitamento.
Ronaldo: o craque de 2002
Ronaldo enfrentou grandes desafios físicos na Copa do Mundo de 2002. Com lesões no joelho e problemas musculares, sua participação no torneio estava em dúvida. No entanto, Luiz Felipe Scolari acreditou em seu talento e determinação.
Durante a Copa, Ronaldo foi simplesmente magnífico. Marcou gols em seis dos sete jogos disputados, coroando sua atuação com o título e a artilharia, acumulando oito gols no total.
No Mundial de 2002, a Bola de Ouro foi concedida ao goleiro alemão Oliver Kahn, sendo ele o primeiro e único goleiro a receber essa premiação na história. No entanto, o brilho de Ronaldo foi indiscutível, destacando-se como o craque do torneio.